domingo, 21 de julho de 2013

Palatinus

O Lago Palatinus fica situado a cerca de 40 minutos de Budapeste. É um lago artificial, mas com água transparente, e uma das alternativas ao Balaton, o grande destino de férias húngaras. Este serve para dar uns mergulhos, apanhar sol, e matar um pouco um bichinho de um dia de praia. Fui lá este sábado, ficam algumas fotos.

















Mas o que se faz verdadeiramente no Lago Palatinus não é nadar, nem jogar à bola, nem apanhar sol. O que se faz no Lago Palatinus são dois simples passos na seguinte ordem:


Passo um - Comer um lángos
Se casássemos uma fartura com uma pizza provavelmente nasceria um lángos, prato típico não só do país mas das regiões circundantes. Trata-se de uma espécie de filhó salgada, coberta de natas frescas e queijo ralado. Podem levar ainda outros ingredientes como salsichas, alho, cebola, etc. Cada um deve ter umas 5000 calorias.



Passo dois- Comer um gelado
Já do lado de fora da praia (que é cercada por uma cancela, com entrada paga), fica uma loja de gelados, onde comi os melhores desde que cheguei à Hungria. De sabores variantes conforme a época e consistência cremosa, aconselha-se o de maçã, que ontem não havia. Três bolas, um euro e meio. Nada mal.
Gelado da esquerda, de cima para baixo: Arroz, lima e tarte de maçã (o terceiro sabor saiu trocado, deveria ter sido framboesa)
Gelado da direita: Tarte de maçã, framboesa e arroz.

Ao som de: Belle and Sebastian - I could be dreaming



quinta-feira, 18 de julho de 2013

A cidade e as pontes

Tal como Lisboa, Budapeste tem uma relação algo distante com o rio. Apesar de reconhecido como a sua identidade, o Danúbio está cercado por linhas de comboio e metro e a cidade vira-lhe as costas. Comum será caminhar pelas ruas sem nos lembrarmos dele e, por ser plana, Budapeste não o mostra em miradouros ou entre os edifícios. Quem vê o rio é quem o procura, são os namorados que escolhem um dos degraus mais abrigados da vista entre uma das margens, os desportistas nas suas corridas diárias, os amigos que partilham uma garrafa de vinho, sentados numa das arcadas da ponte verde, os ciclistas que o percorrem de um lado ao outro da cidade, e, claro quem atravessa as pontes. Nas pontes entre duas margens, uma verde e outra urbana, vê-se a cidade como um todo.

Ainda com falta de jeito para fotos, fiz uma recolha de algumas por aqui, em particular da ponte verde, que fica pertinho de casa.
















A ouvir: Katel Keinegsaks - Ô Seasons

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O lugar da saudade


Como pode algo tão belo guardar em si a tristeza? 

Desde que cheguei que muitas vezes acordo com pesadelos. Sonho com o lugar mais belo do mundo, uma praia deserta, orlada de pinheiros a Este e conchas a Oeste, salpicando a beira do mar. Não há ondas. A luz está a meio, talvez seja de manhã, talvez seja lusco-fusco e a noite esteja a caminho, talvez seja, só vejo o céu lilás e laranja e minhas pegadas no chão. Às vezes também sonho acordar com sol forte e pinheiros na janela. De repente, apercebo-me que nunca mais poderei regressar a este lugar. É aí que entra o pânico, a melancolia, o desespero. Acordo como se o mundo estivesse prestes a acabar.

(eu sei que poderei voltar, talvez de uma forma diferente, talvez a minha praia tenha mais gente, talvez tenha outra forma, mas são as Saudades a pregar-nos partidas, temos que desculpá-las e abraçá-las -  ouvir e entender o que querem de nós)

Mas não se assustem, estou a adorar Budapeste - é curioso somente como as mudanças nos despertam os instintos.


"De uma cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas."
Ítalo Calvino - Cidades Invisíveis


A ouvir: Uma playlist dedicada a este lugar - está aqui.


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Arquitectura & Limonadas

Já vos devia palavras há algum tempo. Mas se é dificil gerir as horas e inspiração para aqui escrever (entre passeios, encontros e um horário de trabalho dedicado ao envio de CV's), mais difícil é ainda decidir por onde começar. Coisas simples. Começo por descrever um trajeto que faço quase diariamente. Sair de casa depois de almoço com o PC, seguir em frente uns 15 minutos, passando pela Raday utca, uma das ruas turísticas de Buapeste. A reparar nessa rua, assim como em toda a cidade, na grandiosa arquitetura: edifícios imponentes, com um alto pé direito (penso que o da nossa casa deverá ter uns 5 metros), e todas as janelas adornadas com arabescos, formas neoclássicas ou art nouveau, repetidamente.
No final do trajeto espera-me um uma limonada de meio litro no Jazz Bar, sala de estar e de serões de trabalho.





  




Ao som de: The soaked lamb- Hello, bang bang and goodbye

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Pontapé na vida

Venceremos - Praia de Cacela Velha

Há certas palavras que terão o poder de sobreviver para sempre.
Com maus ouvidos, má visão, consequência dos seus quase cem anos, questiono o meu poder de comunicar com o meu bisavô. "Vou morar para a Hungria, avós."

Fica a aguardar o silênco após um período de rebuliço e explicações entre os restantes membros da família, para finalmente se pronunciar.

"Isso que estás a fazer é dar um pontapé na vida."

Como se não bastasse, acrescenta:

"Vê lá se o dás bem dado."

E mais nada disse.
E eu pouco mais acrescentei.


Ao som de: Peter, Paul & Mary - For Lovin' Me