Caberá tamanho
amor dentro das almas? O que nos faz mover será o que nos desperta ou o que
nos adormece? Quais serão os momentos que vivo acordada? Quando abraço a minha
avó, quando desço montanhas, quando faço acontecer, quando choro porque não entendo, quando oiço, quando adormeço em regaços?
Quais serão os momentos que
vivemos acordados? Porque são infintamente finitos? Porque têm de acabar para
persistir nas memórias? Porquê a distância, o caminho, o propósito?
Acordar todos os
dias na mesma cama, ou em camas diferentes, em tendas, em colchões, na areia, e
na relva. Acordar na mesma cama e saber-lhe o cheiro, ou adivinhar onde estou
antes de abrir os olhos. Em que dias acordo para acordar? Em que dias acordo
para voltar a adormecer?
Mas caberá tanto
amor ou preciso de enviar postais de beijos, lágrimas e abraços? Quantas vezes
preciso de retomar o que acabou? Quantas vezes devo dizer ao vento que
sinto a vossa falta?
É preciso ter olhos na testa e na nuca, sempre um passo em
frente, sempre um passo de regresso.
Porque é querer partir
mas prendendo amarras.
É querer voar alto debaixo da árvore.
Ao som de: Dead combo - Lisboa mulata