sexta-feira, 10 de junho de 2016

O lugar que eu sou

Os dias passam depressa e em breve a hora
De voltar a dizer adeus às paredes brancas
E ao mar azul e agora
Eu não quero
Eu não quero dizer adeus eu não preciso mais
Que estas paredes alvas e que as ondas
Nada mais é preciso
Que acordar debaixo do sol
E atear lume na calçada
Há marés, meu amor, é como a gente
Que anda pelos montes como a corrente e eu
Arrastada mais longe
Arranco páginas ao calendário até chegar à última
E o relógio e as malas me esperarem na porta
E eu digo adeus sem estar preparada
Mas já aprendi a dizer adeus sem estar preparada
Então direi adeus de novo mas hoje
Antes dos dias vindos e ao passar o Rossio
Olho-o com amor e apaixono-me
Todos os dias como se fosse o primeiro
Todos os dias me apaixono
E quero chorar debaixo das arcadas
Quero correr à beira- rio à sua fronteira
Eu o amo tanto que não cabe cá dentro
E se vou embora procurando resposta
É antes de partir que esta me é dada
Aquela que procurava o lugar
Que eu sou.